Segundo o Banco Central (BC), até a última quarta-feira (26), cerca de 1,47 milhão de notas de R$ 200 circulavam no Estado, número que chega a 66,65 milhões em todo o País.
Conforme o banco, a produção e distribuição das notas seguem o cronograma planejado e o ritmo de utilização da cédula vem evoluindo em linha com o esperado.
"E deverá seguir em emissão ao longo dos próximos exercícios. Qualquer nova denominação de cédula entra em circulação de forma gradual e de acordo com a necessidade", informa o BC através de nota.
HÁBITOS DA POPULAÇÃO
Apesar de o volume informado parecer representativo, o economista Alex Araújo aponta que o número ainda é pequeno quando comparado à circulação das demais notas.Ele indica que a mudança de hábitos da população também explica a rara visualização da cédula.
"Houve uma mudança, acelerada pela pandemia, no uso do dinheiro em espécie. O Pix ajudou muito nesse movimento, que já vinha relativamente forte com o cartão de débito e crédito. A tendência é de redução do uso de cédulas"ALEX ARAÚJOEconomista
O alto valor também dificulta a circulação da própria nota. Isso porque as transações de maior valor ocorrem em menor escala, além de dificultar o troco.
"Eu mesmo peguei três cédulas lá no início que ainda estão comigo. Não tive a oportunidade de passá-las para frente. Já são quase de estimação", relata o economista.
AUXÍLIO EMERGENCIAL
Mesmo com planejamento bem anterior à pandemia, uma das justificativas do Governo para o lançamento da nota seria a facilitação do saque do auxílio emergencial, na época, em R$ 600.
Para Araújo, no entanto, o próprio aplicativo Caixa Tem, usado para o pagamento do benefício, contribuiu para essa mudança de hábitos.
"Para fazer o saque, você tinha que ir até uma agência, pegar fila. Enquanto o próprio aplicativo permitia você fazer compras, pagar contas. Então, essa é uma mudança cultural. Além do Pix, o Banco Central estuda criar uma moeda digital. Cada vez mais tendemos a usar menos o dinheiro em espécie", aponta o economista.
DIFICULDADE DE TROCO
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, aponta que, para o comércio, a baixa circulação da nota de R$ 200 acaba ajudando a não piorar problemas, como a dificuldade de troco e a falsificação.
"Ainda bem que não circula tanto. Até para o troco ficaria mais difícil. Além disso, quanto mais alto o valor da cédula, mais os falsificadores procuram reproduzir"CID ALVESPresidente do Sindilojas
Ele ainda aponta a hipótese de que a nota seria mais usada em transações entre as próprias instituições financeiras, a exemplo de cédulas de outros países utilizadas exclusivamente para esse fim.
"Não sei se a ideia aqui é essa e sei que não existe legislação no sentido de ter uma cédula intrabancos, mas acho que essa de maior valor é melhor só entre players do mercado", argumenta.
A dificuldade para o troco é endossada pelo presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro. Segundo ele, a nota de R$ 200 ainda é rara entre os estabelecimentos representados e a falta dela não tem trazido problemas.
"Realmente, é difícil de encontrar, até raro. Mas não temos sentido dificuldades. Tem outras cédulas que conseguem suprir bem essa ausência. A nota não se tornou popular ainda", pontua.
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