segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Com água cada vez mais escassa, planos de recursos hídricos começam a ser elaborados no Ceará

Água é um bem finito e cada vez mais escasso no mundo. Em região semiárida, onde está localizado o Ceará, por exemplo, as reservas hídricas dependem a cada ano de chuvas acima da média, o que raramente ocorre, para repor o nível dos açúdes. Mas como ter segurança hídrica para atender as múltiplas demandas sempre crescentes? Quais os conflitos e problemas a serem enfrentados?

Para responder a estas e outras questões, estão em elaboração planos de recursos hídricos das 12 bacias hidrográficas do Ceará. Os três primeiros em andamento são das bacias do Curu, Ibiapaba e dos Sertões de Crateús.

Desmatamento de mata ciliar, despejo de dejetos nos leitos de riachos, córregos e rios, uso abusivo de veneno no solo e na lavoura, perfuração elevada de poços rasos e profundos, expansão dos centros urbanos e a necessidade de ampliar e ofertar água de qualidade para o consumo humano são problemas comuns às bacias hidrográficas.

CONFLITO

De acordo com o diretor de Planejamento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Elano Joca, o conflito por maior oferta de água para abastecimento humano e uso agropecuário “é permanente no Ceará, que sofre com a escassez hídrica, e decorre de vários fatores, entre eles a mudança climática”.

Quem está no entorno ou acima (montante) de um açude quer que a água permaneça para atender suas necessidades, mas quem mora e trabalha em regiões abaixo (jusante) do reservatório quer que o recurso hídrico seja liberado para atender as suas demandas (consumo, irrigação). “Esse tipo de conflito sempre vai existir, mas graças às discussões coletivas e a mediação da Cogerh, estamos vencendo o desafio de conciliar esse problema a cada ano”.

DEMANDAS

O presidente da Bacia do Salgado e secretário do Fórum Cearense de Comitês de Bacias Hidrográficas, Wyldevânio Vieira, reforçou que “cada região tem seus próprios problemas e especificidades, são micro realidades distintas, mas o conflito comum que permeia a maioria das bacias é a escassez do recurso hídricos para atender seus múltiplos usos”.

Na região Norte, as bacias da Ibiapaba, Coreaú, Acaraú e Litoral registram nos últimos quatros anos chuvas acima da média histórica, mas o Vale do Salgado, do rio Jaguaribe e do Banabuiú convivem desde 2012 com precipitações reduzidas.

“Crato, Juazeiro e Barbalha têm demandas semelhantes aos de uma região metropolitana; já Icó, Ipaumirim enfrentam falta de água, enquanto que as regiões de Brejo Santo e de Mauriti são grandes fruticultores, mas todos esses municípios estão na Bacia Hidrográfica do Salgado, que é a porta de entrada das águas transferidas do rio São Francisco”, demonstrou realidades divergentes, Vieira.

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