Por aqui, a montadora faz o Ecosport, o Ka e o Ka Sedan na planta de Camaçari (BA), mesmo local onde o Bronco foi flagrado há pouco tempo. Já na fábrica cearense em Horizonte, a Troller produz o jipão T4.
A fábrica de Taubaté, no interior paulista, é responsável pela produção de motores e transmissões, como o propulsor 1.5 Ti-VCT Flex de três cilindros e o câmbio manual MX65, que equipam o Ecosport te o Ka Freestyle, respectivamente.
Fábrica de São Bernardo foi a primeira a anunciar o fechamento
Em fevereiro de 2019, após o anúncio do fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, rumores de que a marca sairia do Brasil começaram a circular no mercado.
Na época, o presidente da Ford do Brasil, Lyle Watters, disse que a companhia “estava comprometida com a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável, fortalecendo a oferta de produtos e atuando com um modelo de negócio mais ágil, compacto e eficiente”. E que haveria apenas “uma redução de 20% dos custos com quadro de funcionários e estrutura administrativa”.
O anúncio da saída do Brasil pegou até mesmo o governo de surpresa. Já que a marca havia recebido aproximadamente R$ 20 bilhões de incentivos para produzir no País desde 1999, segundo a Receita Federal. O Polo de Camaçari, na Bahia, inclusive, foi todo formado com fornecedores e mão de obra ao redor da Ford.
Em 99, uma rusga entre figurões da política nacional chegou a ser evidenciada por causa disso. O então senador Antonio Carlos Magalhães chegou a ligar para o presidente Fernando Henrique Cardoso para falar que não admitia que a Ford não se instalasse na Bahia e pediu os subsídios pessoalmente.
Veja os novos carros da Ford que virão para o Brasil
Há cerca de dois meses, a montadora prometeu que veríamos o SUV elétrico do Mustang, o Mach E, bem como a picape Maverick e os SUVs Bronco e Kuga no País. Mesmo com a notícia do fim de seu catálogo por aqui, a montadora garantiu que abastecerá o Brasil com veículos importados.
Assim como a picape, o SUV elétrico Mustang Mach E e o Bronco também são fabricados no México e devem vir ao Brasil sem o acréscimo do imposto de importação.
Em relação à nova geração da Ranger, nada muda. A picape seguirá da fábrica de General Pacheco, na Argentina, diretamente ao Brasil. Na época do anúncio, a montadora norte-americana também incluiu a versão Black (que adota acabamento na cor preta) ao catálogo da Ranger no Brasil. Ela também virá do País vizinho.
Cronologia da fabricante no País
A história da Ford no Brasil tem 113 anos. Os primeiros carros da marca chegaram ao País em 1908. Mas a produção local teve início em 1919. Confira, abaixo, os principais fatos que marcaram a trajetória da marca norte-americana no mercado brasileiro.
1908
Recém-lançado nos EUA, o Modelo T começou a ser vendido no Brasil por importadores independentes. O carro ganhou o apelido de “Ford Bigode” em alusão às duas alavancas localizadas na barra de direção.
1919
Primeira fabricante de automóveis a ter filial no Brasil, a Ford Motor Company aprovou a criação da divisão brasileira no dia 24 de abril, com capital inicial de US$ 25.000. Em um galpão alugado na Rua Florêncio de Abreu, no centro da capital paulista, a montagem do Modelo T teve início no dia 1º de maio, com peças importadas dos EUA.
1920
Como o aumento da produção, a linha de montagem foi transferida para um novo galpão também alugado. O imóvel ficava na Praça da República, no centro de São Paulo.
1921
A empresa muda para um prédio próprio, na Rua Sólon, no bairro do Bom Retiro, ainda na capital paulista. Cópia da sede da empresa em Detroit, o prédio de três andares tinha e a capacidade de produção era de 4.700 automóveis e 360 tratores por ano.
1925
O ano foi marcado pelo recorde de vendas do Ford T. Os brasileiros compraram 24.250 unidades do modelo.
1928
O Ford Modelo A, sucessor do Modelo T, chega ao Brasil. No mesmo ano, Henry Ford cria a Fordlândia, uma vila com estilo norte-americano em uma área de 10.000 km² no meio da selva amazônica, no Pará. Havia 1,9 milhão de pés de seringueiras para produção de borracha e, depois, de pneus. O objetivo era acabar com a dependência de fornecedores do Oriente. Mas uma epidemia devastou os seringais e o projeto foi abandonado em 1933.
1934
Com o fim da Fordlândia, a Ford trocou parte das terras por uma área chamada de Belterra, a 60 km de Santarém, onde plantou 3,2 milhões de seringueiras e investiu US$ 8 milhões. Mas novamente uma doença atacou os seringais. Com o início da Segunda Guerra Mundial, as terras foram devolvidas ao governo brasileiro por uma quantia simbólica.
1935
O Anglia, o Modelo Y e o Prefect, produzidos na Inglaterra, além do Eifel, feito na Alemanha, foram importados pela Ford do Brasil. No mesmo ano passaram a ser fabricados motores V8 com peças vindas dos EUA.
1938
Pouco depois de ser lançado nos EUA, o Mercury 1939 começou a ser produzido no Brasil. O carro era feito sob encomenda e para um número limitado de clientes.
1941/1947
A guerra interrompeu as importações. Além de montar caminhões para o Exército Brasileiro, a Ford passou a adaptar veículos para rodar com gasogênio. Uma espécie de caldeira no porta-malas e alimentada por carvão vegetal. Visava contornar a falta de combustível.
1953
Inauguração da fábrica no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo. Com 200 mil m², a planta tinha 2.500 empregados e produzia 125 veículos por dia.
1957
Primeiro veículo brasileiro da Ford, um caminhão F-600 saiu da linha de montagem do Ipiranga no dia 26 de agosto de 1957. Tinha capacidade de 6 toneladas, motor V8 de cerca de 170 cv e 40% de índice de nacionalização.
1958
A linha nacional foi ampliada com os modelos F-100, F-350 e F-600 com motor a diesel. No mesmo ano foram inauguradas a fábrica de motores no Ipiranga e uma fundição em Osasco, na grande São Paulo, ode foram instalados os primeiros fornos elétricos a indução da América do Sul. Nessa unidade em feitas partes de carrocerias e peças fundidas para veículos da Ford e de outras marcas.
1960
Lançamento do Ford 8-BR Diesel, o primeiro trator produzido no Brasil. No mesmo ano foi celebrada a produção de 30.000º caminhões no País.
1962
Lançamento dos caminhões Super Ford, com nova cabine e celebração da produção do 75.000º veículo feito no Brasil, uma picape F-100. Naquele ano, a marca bateu pela oitava vez consecutiva o recorde de vendas, com 21.621 veículos e 44% de participação do mercado.
1964
Produção d 100.000º veículo feito no Brasil, um caminhão F-600. O modelo atingia 99% de índice de nacionalização.
1967
Lançamento do Galaxie 500. O modelo é considerado o primeiro carro de luxo produzido no Brasil. De grande porte, foi feito com o que havia de mais moderno em termos de tecnologia.
1967
Com a aquisição da Willys Overland do Brasil, a Ford incorporou a fábrica de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Na planta eram feitos o Jeep Willys e o F-75 na versão picape e utilitário-esportivo.
1968
Na nova fábrica, a Ford passou a fazer a F-100, primeira picape produzida no Brasil. E também o Corcel, um sedã de quatro portas, com motor 1.3 e tração dianteira. O modelo foi produzido até o início dos anos 1980 e foi um dos carros mais vendidos do País. No mesmo ano, o LTD, versão do Galaxie 500, passou a ser o primeiro carro nacional com câmbio automático.
1970
Lançamento da Belina, a versão perua do Corcel. Além do Maverick e da nova linha de caminhões da Série F. A fábrica de São Bernardo do Campo passou a fazer 250 veículos por dia em dois turnos de trabalho.
1971
Para ampliar a linha de montagem do Corcel, a produção dos utilitários Jeep, F-75 e Rural foi transferida para a fábrica do lpiranga.
1973
O Maverick chegou ao Brasil e virou sonho de consumo. O modelo era oferecido com carroceria cupê, motor 3.0 de seis cilindros em linha e V8 5.0.
1974
Inauguração da Fábrica de motores e peças em Taubaté, no interior do Estado de São Paulo.
1975
Um Maverick com motor de quatro cilindros marcou a produção de 1,5 milhão de veículos da Ford no Brasil, na fábrica de São Bernardo do Campo. A linha Galaxie passou a contar com três modelos: Galaxie 500, LTD e Landau.
1977
Lançamento do Corcel II, que somou 100 mil unidades produzidas em apenas dez meses.
1978
Inauguração do Campo de Provas de Tatuí, no interior do Estado de São Paulo.
1979
Lançamento da picape F-1000 com motor a diesel e capacidade para uma tonelada.
1980
Lançamento da versão a álcool do Corcel II. Desenvolvido no Brasil, tinha sistema automático de partida a frio e publicidade estrelada pelo piloto Ayrton Senna.
1981
Lançamento do Del Rey. O sedã de luxo feito sobre a base do Corcel II tinha versões de quatro e duas portas e opção de câmbio automático, além de ar-condicionado, entre outros itens.
1982
Lançamento da Pampa. Trata-se da primeira picape feita no Brasil derivada de um automóvel e a única compacta com tração 4×4.
1983
Lançamento do Escort, modelo global desenvolvido na Europa. O hatch chegou nas versões L, GL e Ghia. Em seguida foi lançada a opção esportiva, batizada de XR3.
1985
Lançamento do XR3 conversível e da linha de caminhões Cargo. Os modelos projetados no Brasil eram feitos em São Bernardo do Campo. No mesmo ano chegou a F-1000 a álcool.
1987
Criação da Autolatina. A empresa foi formada após a união da Ford com a Volkswagen. O objetivo era reduzir custos por meio da produção de modelos diferentes, mas feitos sobre as mesmas plataformas.
1989
Lançamento do Verona, sedã de duas portas com acabamento luxuoso e motor 1.8. O Apolo era a versão da Volkswagen para o modelo da Ford.
1991
Lançamento do sedã Versailles e de sua versão perua, batizada de Royale. Os dois modelos tinham os mesmos motores 1.8 e 2.0 e a plataforma dos Volkswagen Santana e Quantum.
1992
Lançamento da nova geração do Escort. Do mesmo ano, F-1000 renovada tinha desenho parecido com o da norte-americana F-150. A marca também lançou a nova linha da Série F.
1993
Lançamento do Explorer, SUV importado dos EUA, e da versão “popular” Hobby do Escort, com motor 1.0, além da F-1000 Supercab (cabine estendida).
1994
Lançamento do sedã Taurus e da picape média Ranger, feitos nos EUA. No mesmo ano o Mondeo passou a ser importado da Bélgica.
1995
Dissolução da Autolatina. No mesmo ano, a Ford anunciou investimentos de US$2,5 bilhões no Brasil. Foram lançados os caminhões Cargo C-4030 e o semipesado C-2425. A marca passou a trazer o Fiesta da Espanha.
1996
Inauguração da fábrica de transmissões de Taubaté, no interior do Estado de São Paulo. Início da produção do Fiesta na fábrica de São Bernardo do Campo. Na planta também passou a ser feito o caminhão Cargo C-814, com peso bruto total (PBT) de 8 toneladas. A marca lançou ainda os novos Escort e Mondeo.
1997
Lançamento do Ka e da perua do Escort. Além disso, a marca lançou a picape compacta Courier, derivada do Fiesta.
1998
Lançamento da nova picape Ranger, produzida na Argentina, com atualizações no visual e versão de cabine dupla. A picape ganhou motor turbodiesel e tração 4×4.
1999
Com linhas arredondadas e duas opções de motor, a F-250 substituiu a F-1000. A Ford lançou ainda a Ranger Supercab, com cabine estendida, e inaugurou a fábrica de motores de Taubaté, no interior do Estado de São Paulo, a primeira do mundo a fazer a nova família Zetec RoCam.
2000
Lançamento do Focus, modelo global desenvolvido pela Ford da Europa. Nas versões hatch e sedã, tinha motores Zetec RoCam 1.8 e 2.0.
2001
Inauguração da nova linha de produção de caminhões em São Bernardo do Campo e da planta de Camaçari, na Bahia. Na fábrica paulista, a Ford passou a produzir o novo Cargo C-1630.
2002
Lançamento do novo Fiesta. O modelo, produzido em Camaçari, daria origem ao EcoSport. No mesmo ano a marca lançou a nova Ranger com motor Power Stroke 2.8 turbodiesel, o novo Mondeo e seis versões do Cargo, incluindo o cavalo-mecânico C-4031.
2003
Lançado em abril o EcoSport era derivado do Fiesta e foi o primeiro SUV compacto produzido no Brasil. O modelo daria origem a um segmento que não para de crescer e ganha cada vez mais adeptos no mundo todo. No mesmo ano a Ford lançou o cavalo-mecânico Cargo 4331.
2004
O EcoSport ganhou versão 4WD, com tração 4×4 e a Ranger foi reestilizada. A Fábrica de Taubaté comemorou a produção de 1 milhão de motores Zetec RoCam.
2006
Lançamento do Fusion, sedã produzido no México. O Fiesta ganhou motor 1.0 Flex RoCam e o EcoSport, as versões Freestyle e 2.0 com câmbio automático.
2008
Lançamento do novo Ka, redesenhado e com capacidade para cinco passageiros (eram quatro). O Edge, SUV grande feito no Canadá, estreou no Brasil a central multimídia SYNC, desenvolvida pela Ford e Microsoft. O Focus de nova geração e o EcoSport 2.0 Flex foram outras estreias do ano, além da F-4000 com tração 4×4.
2009
Estreia do Fusion com novo desenho, opção de motor V6 e tração 4×4. A linha de vans e furgões Transit chegou ao Brasil e fábrica de Taubaté passou a fazer os motores Sigma.
2010
Chegada do Fusion Hybrid, do novo Fiesta Sedan e do EcoSport reestilizado. No mesmo ano estrearam os novos Edge e o Focus com motor 2.0 Flex.
2012
O EcoSport passou a ser um produto global, vendido em mais de 100 países. Lançamento da nova Ranger, com várias tecnologias inéditas no segmento. E a fábrica de Taubaté comemorou a produção de 3 milhões de motores Zetec Rocam.
2013
O novo Fiesta passou a ser feito no Brasil, a nova geração do Focus (hatch e sedã) estreou o motor 2.0 com injeção direta de combustível e o Fusion ganhou versão com motor flexível. A linha de caminhões foi ampliada com os extrapesados Cargo 2042 e Cargo 2842.
2014
Desenvolvida no Brasil, a nova geração do Ka passou a ser global e ganhou versão sedã. O motor 1.0 TiVCT de três cilindros começou a ser produzido em Camaçari (BA). No mesmo ano, chegaram a Ranger Sport e os novos caminhões da Série F.
2016
A Ranger ganhou itens inéditos no segmento, o novo Edge estreou no Brasil e o Fiesta estreou no Brasil o motor 1.0 EcoBoost.
2018
Lançamento do Mustang no Brasil. O EcoSport Storm passou a oferecer tração 4×4 acoplada ao câmbio automático e o Ka ganhou motor 1.5 de três cilindros, além de câmbio automático.
2019
Anúncio do fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo. Com isso, a Ford deixou de produzir o Fiesta e a linha de caminhões Cargo no Brasil.
2020
Em outubro, a Ford confirmou a venda da planta de São Bernardo do Campo para a Fram Capital, da área de gestão, e para a Construtora São José, especializada em logística.
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